Eles desenvolverão um projeto de transformação fotocatalítica da água do mar em hidrogênio verde

A Agência Estatal de Investigação, do Ministério da Ciência e Inovação, concedeu uma bolsa ao projeto liderado por investigadores da Universidade da Cantábria (UC) denominado “S2H, Análise da eficiência na conversão de energia solar em hidrogênio a partir da água do mar” no concurso de projetos de I+D+i em linhas estratégicas, em colaboração público-privada do programa estatal orientado para os desafios da sociedade, no âmbito do Plano Estatal de Investigação Científica e Técnica de Inovação 2017-2020, financiado com fundos da União Europeia, através do concurso NextGenerationEU.

O projeto S2H insere-se na linha estratégica do concurso para o desenvolvimento de novos materiais e processos fotocatalíticos para aproveitamento da luz solar como fonte de energia e, especificamente, procura desenvolver um processo em que o hidrogénio é obtido por um processo de fotocatálise utilizando luz solar e água do mar como matéria-prima.

“Este processo pretende contribuir, por um lado, para a promoção da utilização de fontes de energia renováveis ​​como a energia fotovoltaica para avançar na sustentabilidade energética e obter hidrogénio a partir de um recurso abundante no planeta como é a água do mar”, explica Inmaculada Ortiz, responsável do grupo de pesquisa Advanced Separation Processes (PAS), do Departamento de Engenharia Química e Biomolecular

Substitua o gás natural por água salgada

O hidrogénio é um vetor energético cuja penetração no setor dos transportes e nas instalações fixas é cada vez maior. A necessária descarbonização da atmosfera torna imprescindível o avanço em alternativas para a obtenção de hidrogênio com menor impacto ambiental. É o campo do chamado hidrogênio verde, que substitui o gás natural, fonte majoritária de obtenção do hidrogênio, por água doce e muda a tecnologia de reforma para a eletrólise, que decompõe a água em hidrogênio e oxigênio.

O projeto S2H mantém algumas características comuns com o processo utilizado com água doce, mas prevê a sua substituição por água do mar, protegendo assim os recursos hídricos continentais.

“Essa mudança de matéria-prima vem acompanhada de mudança de tecnologia e, no lugar da eletrólise, vamos desenvolver um processo fotocatalítico”, diz Ortiz.

Desta forma, o projeto S2H abordará, em primeiro lugar, o desenvolvimento de fotocatalisadores ativos quando se utiliza água do mar.

Junto com esse objetivo, outro de seus desafios será desenvolver um processo eficiente do ponto de vista energético, que “maximize o uso da energia solar”, diz a pesquisadora.

Por fim, o projeto, que terá duração de três anos, inclui a avaliação do impacto ambiental do processo global de obtenção do hidrogênio.

O projeto é desenvolvido através do consórcio público-privado em que participa o grupo de investigação de Engenharia Química da UC, a empresa tecnológica APRIA SYSTEMS, com experiência na construção de equipamentos de fotocatálise, e que irá desenvolver toda a tecnologia; e as empresas públicas MARE e Gesvican, que disponibilizam ao projeto instalações para a realização de testes em escala piloto.

Após a conclusão, está prevista a instalação de uma planta de demonstração para o processo de transformação fotocatalítica da água do mar em hidrogênio.